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03/11/2021

Chakraborty apresenta tese sobre hiperbolicidade

Foi a paixão por astronomia que fez o indiano Sankhadip Chakraborty se encantar pela matemática. Nascido na cidade de Calcutá, considerada a capital cultural da Índia, ele não imaginava seguir o caminho que percorreu até chegar ao doutorado em sistemas dinâmicos do IMPA, já que seus maiores interesses na escola estavam nas áreas de artes, história e literatura. Na próxima quarta-feira (10), ele apresenta o resultado dessa jornada: a tese “Hiperbolicidade e Rigidez para Sistemas Fibrados Parcialmente Hiperbólicos”, que foi orientada pelo pesquisador e diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana. A apresentação acontece às 15h e será transmitida pelo Youtube do instituto

“Como um ávido observador do céu, eu precisei aprender a trigonometria esférica básica necessária para localizar as estrelas e constelações. Quando meu colegas começaram a me desafiar a resolver problemas mais complexos, eu descobri não só que eu era capaz de pensar de forma mais profunda sobre a matemática, mas também que eu gostava do desafio”, conta Chakraborty, que explica o tema de sua tese. “Meu estudo em hiperbolicidade parcial, que é um tópico em sistemas dinâmicos, envolve desde geometria e topologia até teoria da medida. Sua precursora, a dinâmica hiperbólica, foi desenvolvida em boa parte no próprio IMPA”.

Sankhadip Chakraborty conta que foi descobrindo o interesse pela área ao longo da sua trajetória acadêmica e que pensa em, futuramente, estudar outras áreas correlatas e até investir no setor industrial. “Para mim, a matemática é o mais perto que chegamos à razão pura, quando não alterada pela subjetividade. Além disso, eu admiro os elementos metafísicos e seus mistérios. Como o poeta John Keats disse, ‘a thing of beauty is a joy forever’ (‘uma coisa que contém beleza é uma alegria que nunca se esgota’). É essa beleza abstrata que me mantém ligado a ela”, diz ele.

A decisão de vir ao Brasil para o doutorado no IMPA, conta o estudante, foi tomada ainda durante a graduação em Matemática e Física no Chennai Mathematical Institute, na Índia. Hoje, ele sonha em levar ao seu país a experiência adquirida aqui. “Conheci o instituto na época em que o IMPA estava no auge da fama internacional por causa da Medalha Fields conquistada por Artur Avila. O que mais me impressiona no instituto é a qualidade de pesquisa que se mantém desde o início, mesmo localizado em um país em desenvolvimento. A Índia enfrenta muitos desafios semelhantes ao Brasil e espero poder ajudar meu país com as soluções que o IMPA apresentou ao longo dos anos”, elogia Chakraborty.

Fora do instituto, o doutorando diz que tem uma vida social e cultural bastante intensa. Há cinco anos morando no Rio, ele participou de desfiles de escola de samba, viajou pelo Brasil, fez amigos e aprendeu uma nova língua e uma nova culinária. “O doutorado foi a experiência mais gratificante da minha vida. O povo do Rio me recebeu de braços abertos e a cidade se tornou meu lar desde então. Sou muito grato ao IMPA, aos brasileiros e cariocas por fazer desta a minha maior aventura”, afirma o indiano.