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29/10/2021

No blog Ciência e Matemática, os ritmos da vida

Artigo publicado no blog Ciência e Matemática do jornal O Globo, coordenado pelo diretor-adjunto do IMPA, Claudio Landim.

A matemática e os ritmos da Vida

Tiago Pereira da Silva, membro da Academia Brasileira de Ciências e professor da Universidade de São Paulo

No entardecer no sudeste asiático, viajantes podem contemplar um espetáculo totalmente de graça. Na faixa, no jargão paulistano. Milhares de vaga-lumes acendem e apagam suas pequenas luzes juntos, formando um concerto realmente maravilhoso.

Bem, na verdade, é um pouco como samba de paulista: alguns poucos vaga-lumes ficam fora de sincronia, mas o fato de milhares deles piscarem juntos parece mágica. Esse fenômeno é bastante conhecido, e por mais de 300 anos atrai viajantes do mundo todo.

Mas por que cargas d’água esses insetos passam a piscar juntos se quando separados cada um tem o seu próprio ritmo de piscada?

Curiosamente, por um bom tempo a explicação para esse fenômeno era a de que esse sincronismo entre vaga-lumes não existe. De algum modo nosso cérebro quer ver ordem onde não existe ordem. Quando piscamos nossos olhos, criamos a sensação de sincronia. Essa era realmente a explicação do fenômeno oferecida por Philippe Laurent, em 1917, na revista Science.

Eu comentava com um grande amigo meu na Holanda que demorou uns 50 anos para as pessoas realmente entenderem o que estava acontecendo. Coitado, eram 22h aqui em São Paulo, 3h em Amsterdam. E ele ainda estava cheio de energia e dizia que preferia trabalhar noite afora. Nossa conversa então mudou para os diferentes ritmos de trabalho. Mas mal sabia ele que o assunto continuava a ser o mesmo. Como assim? Imagino que você deva se perguntar o que a conversa sobre os vaga-lumes tem a ver com os ritmos e o dormir e acordar das pessoas.

Vamos lá. O nosso ritmo básico de acordar e dormir é chamado de ritmo circadiano. Por exemplo: acordamos às 6h, almoçamos ao meio-dia, jantamos às 19h (embora os franceses e espanhóis discordem), e lá pelas 22h contamos ovelhinhas. No próximo dia, voilà, tudo se repete.

Bom, mais ou menos. Talvez você durma um pouco mais devido a uma cerveja na noite anterior. Ainda assim, por que o nosso ritmo circadiano é tão robusto?

Leia o artigo completo no blog Ciência e Matemática